"O que destaca em você como significativo?
Você sabe avaliar com precisão o seu modo de organizar a sua vida?
Qual fatia de sua existência atual tem mais peso?
Se tivesse uma única chance o que mais modificaria em si?"
Turma 3ª feiras das 14:30 h às 16:30 h
Início: 06 de agosto - Término: 24 de setembro
Turma 4ª feiras - Turno da Tarde das 14:30 h às 16:30 h.
Início: 07 de agosto - Término: 25 de setembro
Turma 4ª feiras - Turno da Noite das 19:30 h às 21:10 h
Início: 07 de agosto - Término: 25 de setembro
Informações e Reservas: (21) 9983-5751 (ILANA)
Local: Centro de Eventos do Ed. Leblon Corporate
Rua Dias Ferreira, 190 - Leblon - Rio de Janeiro
Fundado em 1989, as aulas visam promover uma reflexão sobre os sentimentos,as sensações e as emoções de nosso cotidiano através das visões das ciências à experiência humana. São temas que tratam das questões da vida com objetivo de alargar o pensar de cada um.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Ser Outro em Si Mesmo
Escrevo esta crônica sentado na poltrona de um pássaro mecânico, destes bem grandes que o ser humano criou e que através deles aproximamos fronteiras e nos capacitamos a ver este planeta do alto...
Estou rumo à Paris em mais um encontro com a cidade que tanto aprendi. Desta vez por pouco tempo, mas quebrei com esta decisão o meu ritual de só atravessar o oceano rumo a Europa quando dezembro chega... Desta vez vou visitar o verão.
Serão 12 dias para providenciar algumas coisas e rever afetos. Estava tão condicionado a durante 21 anos passar três meses por lá, que considerava um pouco perdulário vir como se fosse um mini feriado em relação ao longo período que sempre permaneço.
Com esta vinda quebrei um hábito e isto me suscitou a pensar em todas as camadas que sobrepomos a nossa pele psíquica e que nos leva a grudarmos formas de ser que nos aporta a modos sonolentos de vida em repetições quase inquebrantáveis.
Repetimos por vezes nosso modo de ser, tão arraigados que como sonâmbulos vivenciamos nossas decisões sem percebermos outras maneiras de fazer a mesma existência.
Gosto muito de viajar, mas ultimamente venho sobrepondo um medo de voar que começou a envenenar o meu prazer. Isto começou a me incomodar. Quantas coisas surgem em nossas camadas de ser que quando nos damos conta estamos encobertos por aspectos de nós bem improdutivos.
Percebi um aspecto da minha personalidade começar a se tornar governante do meu modo de ser... Eu me percebi como um hóspede de mim mesmo... Eu me percebi obedecendo a um sentimento determinado por outro que se apoderou de mim: o medroso de voar. Quantos se tornam hóspedes de si mesmo... submissos... sem comandos.
Como li certa ocasião de uma cantora que dizia mais ou menos assim: “Gosto do relato de não termos poder sobre o exterior, mas temos plena autoria do modo pelo qual o vemos... O que nos faz preocupantemente responsáveis sobre nossas reações e sanidade.”
Somos a princípio cobaias do destino que joga experimentos sobre nossa vida, mas podemos ser ratinhos de laboratórios bem rebeldes ao estabelecermos reações totalmente voluntárias, para darmos bom cursos a nossa existência.
Hoje enquanto o avião estava na cabeceira da pista, despertando a potência para a decolagem decidi que iria arrancar esse medo que se tatuou em mim. Subi com a potência do motor da decisão e me exclui daquele de mim mesmo que se contorcia ao invés de olhar o voo do pássaro... Arranquei mais uma coisa de minha cavidade do ser que se tornara como uma pele que me acovardava.
Dou a você um conselho de boas vindas, daquele recém-chegado a um novo sentir, para você ser mais leve: se entregue a ser outro em si mesmo.
Tire alguma crosta que tenha grudado em você e renove a sua pele psíquica.
Que tal a retirada de um medo que muitas vezes nada evita, ou uma busca de controle contínuo que exacerba sua convivência, ou mesmo algum desejo delirante que esteja a tornando com ideia fixa?
Deixe de ser hóspede do seu modo de ser. Olhe para dentro e se diga: “Pode entrar a casa é sua.” A partir daí mobílie seu amplo espaço psíquico com elementos que façam você passar pela existência de modo mais confortável.
Seja a partir daí inédito em si mesmo.
Nesse exato momento o avião treme... Mas decidi que vou passar por esta experiência como titular do que quero sentir.
Tem uma frase de um poema de Manoel de Barros que diz: “Deixei uma ave me amanhecer.”
Deixei essa vontade de estar acima de quem me governava me amanhecer... Acordar-me.
Quando se está torto?
É só se aprumar. Se entregue ao bom voo de si... Seja outro em si...
Boa viagem.
A minha já começou para o mesmo lugar que vou há tempos, mas estou diferente e tudo a partir deste meu ineditismo ficou diferente.
Vá encontrar o seu verão...
Vá encontrar uma nova destinação de si.
O que mais encanta numa viagem é o desconhecido, essa falta de familiaridade que excita... Portanto você pode fazer uma viagem interna para descobrir novos modos em você mesmo, que levarão a fazer as mesmas viagens com muito mais prazer.
É uma delícia encontrar novos destinos na própria personalidade.
Vou encontrar o verão europeu e retorno com a nova crônica e o novo curso no dia 06 de agosto.
Para que destino você vai?
Para os medos? Para o seu complexo de rejeição? Para a desilusão? Para a sua eterna mania de reclamar?
Nossa! Essa viagem é muito chata!
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Você se Parece Com o Que?
Toda vez que entro de férias do curso que ministro no Leblon, deixo de lado os livros tão presentes em minha vida e me ponho a ser pesquisador em banca de jornal.
Adoro, para descansar a cabeça, folhear revistas e como um devaneio descompromissado me ponho a ler uma a uma. São pinçadas revistas de decoração, de psicologia orientada para o público feminino, bem como outras tantas.
No sábado estava com espírito buscador de ineditismos e lá fui com olhos aventureiros a procura de algo novo. Encontrei uma revista linda, folha e capa de primeira e com adrenalina comprei-a.
Preparei-me para fazer a descoberta e com a manta me aninhei.
Ao abri-la vi que se tratava de uma revista sobre festas cool e DJs. Que decepção a minha. Nada a ver comigo. Só tinha comprado esta.
Nada a fazer!
Comecei então a pensar nos questionamentos que havia colocado no quadro na última aula deste semestre.
“- Qual a sua maior identificação atual?”
- Você está parecido com o que?
- Você está parecida com quem?”
A minha revista estava destituída de qualquer elemento identificatório comigo. Era um significado que não se tornou significante. Eu, portanto não tinha identificação alguma com ela.
Pensei nas identificações que temos na vida.
Você pode se identificar com mar ou piscina, cidade ou floresta, com cão ou com gato, com filme francês ou americano, com cabala ou com o budismo. Cada coisa irá definir a sua pessoa, o seu estilo e o seu perfil.
Mas além dessas existem também as identificações com as circunstâncias, com os sentimentos, com as realidades e com os acontecimentos positivos ou negativos.
Você já se fez esta pergunta? Já se indagou o por que você carrega um sentimento há tanto tempo?
Você está parecido com o que? Com o abandono que alguém trouxe a você e passou a viver como abandonada?
Você está parecida com o vazio de uma ausência e se tornou o vazio?
Está sem perceber fixada nas situações que criam apenas os sentimentos ruins?
Deixou de se identificar com as coisas que estão corretas e boas e está projetada nas identificações negativas?
Se sim, está então na leitura da revista errada que não trará nada de construtivo para você.
Identifica-se apenas com os vazios, as doenças, os remorsos e as faltas? Tem dúvida que o seu rosto será o reflexo do que você se identifica?
Como Freud afirma, é através das nossas identificações que estruturamos nossa realidade psíquica e através dela é que vamos sentir a vida.
Tornamo-nos coerentes com aquilo que nos fixamos, identificamos e introjetamos.
Se você só se alimenta das coisas que faltam ou que estão com defeito de modo algum poderá sentir satisfação em si mesmo, em relação à vida ou em relação à alguém.
Somos modelados através daquilo que mais olhamos.
Toda vez que alguém descobre no curso que sou filho da Virgínia, aquela que realiza palestras sobre testemunhos de vida em vários locais, ouço: “Você se parece com ela.”
É fato! No modo de ser por me identificar com muitos aspectos dela e também de meu pai, assimilei e tudo passou a fazer parte da minha psicológica corrente sanguínea.
Já percebeu se você está reproduzindo algum padrão de comportamento da sua avó melancólica?
Você está parecido com o seu tio amargo?
Você está parecida com a sua mãe ressentida?
Você se torna a imagem e semelhança de suas identificações conscientes ou inconscientes.
Encontrei por acaso um conhecido que há muito não o via e que me contou que teve um problema no ligamento do tornozelo esquerdo. Contou-me que ficou um mês sem poder colocar o pé no chão. De muleta depois de uns dias se tornou impossível andar, pois machucava a palma das mãos. Disse-me que se pôs a encontrar uma solução. Como atendia em casa para trabalhar era mais fácil, mas para realizar a rotina diária tudo estava complicado. Parou, pensou com identificação em encontrar uma solução e a mente então trabalhou sob este comando e criou uma alternativa para ele: Imaginou uma mochila nas costas para carregar o que precisava de um lado para outro e para ficar livre da muleta passou a engatinhar... Ao se dar esta solução encontrou um modo de se perspectivar. Impediu-se de se identificar com a limitação e buscou uma identificação operacional, produtiva e positiva.
Mudou o seu foco. Olhou e elegeu para se identificar com a perspectiva de uma solução.
Mudanças de foco é um ato de amor, de amizade a si, de generosidade e gratidão com o tempo que a vida nos oferece para viver.
Ganhei na última aula de uma aluna um livro intitulado “Poesia Completa de Manoel de Barros” da editora Leya, que achei a minha “cara”! Ao abrir me deparei com um trecho que transcrevo:
“Ando muito completo de vazios.
Meu órgão morrer me predomina.
Estou sem eternidades...
Enfiei o que pude dentro de um grilo.
Essas coisas me mudam para cisco...
Estou deitado em compostura de águas.
Na posição de múmias me acomodo.”
Assim se fez este interlocutor... Enfiou a vida em algo mínimo, que o fez cisco, e se posicionou como múmia a espera de outra vida para viver... Se tornou isso pois assim elegeu esta forma de ser para se identificar. Se fez pequeno, se fez cisco e se tornou múmia. Engessou-se para as perspectivas e se tornou petrificado.
Você sabe se dizer?
Vai se colocar deitado como múmia a espera de outra encarnação para ser o que pode ser agora?
Comece engatinhando... Com o tempo você irá se equilibrar nas boas identificações. Naquelas que trazem a melhor versão de você mesmo.
Eu, como se diz, não morri na praia.
Fui à banca, expliquei-me e troquei por outra revista.
Remova as identificações que mumificam e engessam as linhas negativas de ser.
Escolha bons momentos para se identificar, boas pessoas para se modelar e se perspective através das identificações positivas.
Saiba Ser.
Você se parece com o que?
Pode ter certeza: com aquilo que você escolhe para se identificar.
Imagens: GettyImages
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Afogado em Si ou Salvo?
Desde sábado estou com uma indagação que será a essência da aula que irá, nesta semana, encerrar o semestre letivo.
“O que você precisa fazer para dizer daqui a um ano que a sua crise atual foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com você?”
Essa reflexão me reportou aos meus dezoito anos, em que após ter feito vestibular para medicina na Gama Filho e ter ficado em reclassificação, decidi fazer vestibular para Administração de Empresas na Cândido Mendes-Ipanema, pois tinha muitos amigos que estavam naquela faculdade. Passei, tomei a decisão de cursá-la e mesmo sem ter sido uma escolha de vocação fui até o fim.
Acabei por me tornar aos 23 anos professor assistente da cadeira de O&M para a turma do segundo período de Administração e da cadeira de TGA para a turma de Direito e posteriormente fui convidado para dar aula na Fundação Getúlio Vargas, nos cursos do Cademp onde ministrei por 5 anos a cadeira de O&M. Aos 28 anos trabalhava na Supergasbrás além das atividades simultâneas de professor.
Apesar da competência e do sucesso detestava esse mundo de escritórios e ambição de escalonar cargos e chefias. Comecei a perceber que a minha tristeza estava relacionada ao fato da minha alma estar fora do lugar. Me inseri numa realidade na qual ela não se reconhecia e que eu não tinha identificação alguma.
Um dia, diante de uma profunda tristeza, olhei pela janela do 13º andar do escritório no Centro do Rio e me fiz a grande pergunta: “Você vai aguentar essa profissão para o resto da vida?” Me lembro que tive medo da resposta e com coragem respirei fundo e deixei-me escutar a voz do meu pensamento portadora da grande verdade: “Não pertenço a este mundo no qual me inseri... E não quero aguenta-lo”.
Essa pergunta que me fiz me reporta a grande questão Nitzchiniana - “Você poderia viver a vida que você está construindo por toda a eternidade?”.
Comecei a partir daquele momento a me organizar mentalmente e financeiramente para mais tarde dar o grande passo da minha existência. Aquele que me trouxe a este momento.
Abandonei o que deveria ser abandonado e iniciei uma outra carreira. Tudo com muitas dúvidas, mas com uma grande sensação de liberdade.
Às vezes temos que fazer escolhas profundas para construir a vida que vale a pena ser vivida.
A vida que tenho hoje é fruto da minha decisão.
Somos sempre o resultado de nossas escolhas, sejam elas covardes ou corajosas.
A grande crise daquela época se tornou a grande oportunidade porque a vi como forma de Reinvenção.
Li na coluna Gente Boa, do jornal O Globo da edição de domingo, 30/06, o triste destino de Sonia Schuller, ex-miss, ex-namorada de Rubem Braga, na excelente matéria de Cleo Guimarães. Aquela que era favorita no concurso de Miss Guanabara 1964 e que se tornou vice ao perder o título para Maria Raquel de Andrade, acabou como pedinte nas ruas de Ipanema e Leblon. O irmão diz que a desgraça da vida dela começou em 1986 depois que a moto a atropelou perto da Praça General Osório em Ipanema. Diz ele que naquele dia ela perdeu os dentes e a autoestima.
O que aconteceu com a Sereia?
As esperanças foram atropeladas, perdeu os dentes e deixou de sorrir para os sonhos que a movia.
A Sereia lamentavelmente se tornou um esqueleto de peixe desolado. A mesma que recebeu uma ovação unânime que a levou a ser a capa da revista O Cruzeiro é a que se torna matéria do O Globo.
A Sereia se afogou nas desilusões da vida quase desistida...
Olho a foto dela hoje e percebo a menina afogada, mas ainda viva.
Perdida na intensidade dos sustos e das decepções foi se clivando até se tornar dividida e portanto fracionada na capacidade de permanecer com discernimento diante da vida.
A vida exige olhos corajosos, exige pulso sobre o destino e a contínua descoberta de motivações para viver.
Penso no meu menino Manoel que encontrou a motivação que me fez ultrapassar tantos atropelos sem perder a bússola que me indicava o caminho dos meus propósitos.
O importante é que a cada acidente, a cada atropelamento de sonhos ou de escolhas, se saiba sempre coroar a ideia que cabe muitas boas versões de você mesmo numa mesma vida.
No fundo a Sonia esta longe de deixar de existir, ela ainda guarda uma princesa, apenas desistida de segurar os bons pensamentos para se perspectivar com lucidez.
- Qual a versão da vida que posso me dar diante desta versão que a vida me trouxe?
- Qual é a vida que adoraria me orgulhar de ter construído diante daquela que o destino construiu para mim?
Enquanto há vida há sempre alguma forma da sereia sair do fundo do mar...
Hoje escrevo esta crônica porque me apropriei de mim mesmo. Porque num dado momento tomei a decisão... Porque não quis atropelar o que minha alma sonhava. Não me afoguei nos dilemas.
Abandonei um papel para encontrar a minha pessoa.
Posso dizer que me comoveu ver a sereia desistida devido às tantas desistências que vejo de outras sereias e de outros botos.
Vejo tantos sonhos se afogarem e se tornarem banhados de lágrimas...
O Brasil ganhou a Copa das Confederações num jogo de potência...
Para ganhar suou muito a camisa...
Melhor suar a camisa no jogo... do que molhar os lenços nos lamentos das desistências...
Viva o Brasil!!!
Salve, Salve as sereias dos afogamentos...
Salve sempre a si mesmo!
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Se tivesse afogado minha alma nas desistências, jamais teria chegado a este momento do livro e da crônica. A essência destas letras pensadas, está no exato momento em que olhei da janela e decidi, apesar do frio que senti em meu interior, que não era honesto de minha parte ser infiel à vocação que a vida me aportou. Mais do que estar nessas listas, mais do que vencer concursos, o importante é sempre fazer de olhos abertos a vida que vale a pena.
1) Lista dos mais vendidos da Livraria da Travessa:
O Castelo de Papel
Mary Del Priori
1942 O Brasil e sua Guerra quase desconhecida
João Barone
Tempos Faturados: Cultura e Sociedade no Século XX
Eric Hobsbawn
Pense Bem: Ideias para Reinventar a Vida
Manoel Thomaz Carneiro
Crianças Francesas não fazem Manhã
Pamela Druckerman
2) Lista da Revista Veja Online:
Livro Pense Bem – ocupa o 14º lugar dos mais vendidos em todas as seções.
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