quinta-feira, 27 de junho de 2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

Crônica Indignação e Mudança e Lista do Publish News

Rio de Janeiro, manifestação do dia 17 de junho de 2013

Indignação e Mudança

Temos testemunhado surgir um movimento de reinvindicação em massa.
Surpreendi-me com a manifestação e com alegria percebi que a indignação deixou de ser a conversa entre chopes nos bares, onde reformadores, por vezes muito irados, palestravam nas mesas entre pizzas fatiadas e bolinhos azeitados, com potentes projetos, mas sem nenhum ato concreto, sem atitude alguma relacionada às ideias desenvolvidas.
As querelas nos bares, nos restaurantes, nas reuniões de fim de semana agora saíram das malemolências brasileiras, onde tudo se aceitava e que se tornava no máximo esquete de quadro humorístico, mas sem ativismo algum produtivo. 
As passeatas me reportaram a um texto de Freud que discorre sobre a formação dos laços sociais através das identificações comuns. Como se a união em torno de um princípio de identificação comum formasse o totem coletivo. Todos juntos para deixar emergir no mundo real a força das ideias. 
Como uma bola de neve um grupo despertou outro, outro e outro de modo a perfazer o coletivo manifesto.
Isso tudo me lembrou do processo de transformação individual de uma pessoa diante do sofrimento. Enquanto ela apenas indignada reclama, apenas põe a raiva sob o desabafo, permanece inativa sem se constituir como um agente capaz de assumir a responsabilidade por si mesma.
O manifesto atual nos propicia a lição para a nossa vida pessoal. Ao observarmos a transformação da indignação em consciência dos direitos para a partir dela começar a realizar a manifestação interna, capaz de eliminar o traço inimigo, opressor de si mesma que a expõe a passividade diante de si, do destino e dos outros.
Na vida individual a mudança deixa de ser realizada enquanto a pessoa não estabelece o compromisso com as interdições necessárias às transformações.
Como disse Lacan há momentos na vida que necessitamos liberar o “Pensamento Mágico” e acrescento ainda que deve associá-lo ao esforço concentrado da Razão Humana Intencional.
Um país pode ser utilizado como símbolo de reflexão para o nosso mundo pessoal.
A passividade e a submissão despertam o carrasco e legitima a impunidade, pois nessas formas passivas e enfraquecidas as leis se diluem e desaguam. Na vida pessoal se faz semelhante: Se não somos os mantenedores de nossa ordem e nosso progresso o caos se estabelece.
No meio dos movimentos de equilíbrio pacíficos surgiram os vândalos, depredadores e representantes na sociedade das psicoses coletivas. 
Esses predadores sociais e urbanos localizados nas camadas inferiores da pirâmide social são reflexos de outros depredadores das camadas superiores da pirâmide hierárquica.
Os representantes das leis se tornam as leis da ordem psicótica onde tudo pode, pois o outro deixa de existir. Aqui podemos colocar mais uma ideia freudiana para explicar que as manifestações comportamentais são suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas ou pela mera expectativa dessa interação... Portanto, num mimetismo se faz embaixo o que no “paraíso celestial” está projetado como modelo: Depreda-se o que deveria ser mantido, melhorado ou construído.  Dessa forma se realiza o “Espelhamento das Psicoses”.
Você quer melhorar a sua vida psicológica?
Você quer sair do seu prejuízo emocional cotidiano?
Aprenda com esses jovens reivindicadores, os pacíficos, porém sadios e potentes demandadores de mudança.
Baudelaire disse: “Não se destrói realmente a não ser o que se substitui”.
Portanto substitua sua indignação de mesa de bar, de querelas sociais de tristezas para uma passeata interna.
Desenvolva a capacidade de governar a própria existência com intenção e inserção na construção de uma economia psíquica de alto nível.
O importante é que se aprenda com esta juventude sobre o manifesto para reduzir a inflação de egoísmo, os valores de vida frágeis e sobre a desorganização cotidiana.
Como afirmou Helena Celestino na coluna de Domingo do Jornal O Globo edição do dia 23 de junho “Pequenos protestos viraram movimento de massa na Inglaterra, França, Suécia e Turquia. Desemprego, crise econômica, conflitos étnicos... Agora chegou a vez do Brasil: a garotada botou o povo na rua e o mundo está perplexo. Por que o país campeão do otimismo, bom de futebol e de música, depois de uma década de crescimento... está com tanta raiva? As respostas que todos já deram violência policial... corrupção, impostos de Primeiro  Mundo com serviços de quinta, atenção zero a educação...”
Semelhante aos sofrimentos sem mando, ao se deixar ser sequestrado pelos destinos, você se oferece ao desatino de uma destinação a deriva. Uma pessoa desatenta de si mesma é como um país sem Olho Vivo. Torna-se refém do acaso, do destrato, da perversidade e do egoísmo. Sem vigilância o ruim não pede licença para chegar. O ruim perde a cerimônia.
Isso mesmo... Indignação e Atitude.
Tudo é uma questão de decisão.
Na vida emocional, pessoal, econômica e política, o que fazer?
Olho Vivo na sua Ordem e no seu Progresso.
Pessoa desatenta é Out...
Portanto: Indignação e Mudança.
Mude também o seu país interior.
Ordem e Progresso!
__________________

Lista do Publish News:
O livro entrou na lista do Publish News, a lista do mercado editorial, em 10º lugar na primeira semana.

1º - Kairós
Padre Marcelo
Principium
6277




2º - Casamento blindado
Renato e Cristiane Cardoso
Thomas Nelson Brasil
2520





3º - Eu não consigo emagrecer
Pierre Dukan 
BestSeller
2115





4º - Só o amor consegue
Zibia Gasparetto
Vida e Consciência
2053




5º - Meu jeito de dizer que te amo
Anderson Cavalcante
Sextante
1548


6º - O poder do hábito
Charles Duhigg
Objetiva
1018





7º - Nietzsche para estressados
Allan Percy
Sextante
937





8º - O método Dukan ilustrado
Pierre Dukan
BestSeller
911



9º - De bem com o espelho
Alice Salazar
Editora Belas Letras
754




10º - Pense bem
Manoel Thomaz Carneiro
Casa da palavra/LeYa
733

terça-feira, 18 de junho de 2013

Desfazer Laços Para Desfazer Nós? Pertencer é Viver

Recebi uma foto de uma menina que perdeu a mãe na guerra e no chão do pátio do orfanato desenhou com giz a figura de uma mulher e depois se deitou sobre a mãe simbólica como buscasse se aconchegar no colo daquela que não existia mais... Ficou ali parada como se estivesse sendo acolhida da profunda sensação de desamparo e saudade que carregava em si.


Esta imagem da menina sobre a mãe de cimento, a mãe onírica me comoveu a ponto de revê-la algumas vezes. Quando a tinha sob os meus olhos me reportava aos conceitos sobre nossa vida intrauterina e toda a correlata condição de perfeição que vivenciamos durante esses noves meses e me levei também a pensar sobre a nossa necessidade psicológica de ter um “outro” em nossa vida que nos propicie a sensação indispensável de amparo.
Qualquer ser deseja encontrar alguém em que se possa confiar e contar.
Quem deixa de sonhar com esse amparo?
Conquistar esta certeza do outro apazigua nossas inseguranças e fortalece nossa confiança para se viver o cotidiano. Necessitamos beber dessa fonte de amparo, assim como necessitamos de água.
As mães sem nome, aquelas que perderam os filhos por alguma doença ou acidente que agora irão receber a benção do Papa, representam na união entre elas, essa busca para a formação do colo acolhedor e apaziguador desenhado pela menina órfã.
Quando nascemos somos muito abraçados e por vezes com o tempo esses abraços se tornam rarefeitos e se reduzem a esbarrões ou toques da vida sexual.
A modernidade exacerbou o conceito da formação do self e da autonomia absoluta onde a necessidade pelo outro passou a ser considerada como algo neurótico. Ideias como: “Se você pode fazer sozinho... Então faça!”
“Você deve desenvolver o Self Service: autonomia; liberdade absoluta; se amar e se bastar totalmente”.
A amplitude deste conceito foi tão difundida que trouxe em muitos o constrangimento em admitir a necessidade de sentir que pertence a alguém ou que necessita de um olhar de apoio e amparo.  
A mentalidade do self distorcida de servir por si, de viver por si trouxe esse sentimento de solidão acompanhada que as pessoas carregam atualmente.
Quantos estão cercados de pessoas, inseridos em vidas sociais e profissionais, mas com medo de criar vínculos, com medo de aprofundar as relações pelo medo de criar a dependência? Muitos aderiram a esta ideia de independência absoluta sem perceberem as consequências emocionais negativas que derivam daí. Estão plenos fora, mas impedidos de se alimentar dentro.
Estão ligados, mas sem conexão.
Não se vai fundo nas entregas para preservar a autonomia. 
O que isto gerou?
- A sensação de desamparo - A sensação de solidão acompanhada.
Desfizeram os nós neuróticos da simbiose, mas esqueceram de manter os laços.
Criou-se a “Síndrome do Eu” e a “Sociedade do Fico, Mas Não Permaneço”, onde se está longe de oferecer a certeza das permanências.
No mundo atual, o corpo objetivo se relaciona, mas o corpo subjetivo está impedido por este conceito de modernidade de viver os elos.  
Eis o lema de uma falsa psicologia: “Independência em tudo ou morte das relações e obrigações”.
Clarice Lispector tem a expressão “Somos o Outro do Outro”, onde preserva a si quanto ao risco da absoluta fusão, mas sem invalidar que para ser um eu deve haver o outro que nos une e com isso diferencia.
A ideia de treinar a independência absoluta congela a nossa humanidade e traz a dificuldade de entrega que atualmente assistimos nas relações de amizade, sociais e íntimas.
Para se desfazer os nós que atavam as pessoas até os anos 50, numa condição de anulação e recalque, esqueceram de preservar os vínculos. Esqueceram os laços ao desfazerem os nós.
Hoje considerados “espertos” são os desatados, são os “Self Live Emotion”.
Somos feitos das misturas desde o óvulo e o espermatozoide que se fundem através do abraço profundo de dois corpos que se tornam nossos pais. Evidente que para nascermos temos que sair do outro, mas para encontrar logo outro que nos acolha, ampare e depois tantos outros que nos ensinam... e de outro em outro nos tornamos o Eu.
Um Eu capaz de se preservar, mas capaz de se entregar.
Na matéria de capa da Revista de Domingo do dia 16 de junho, discorrem os depoimentos sobre as dores vivenciadas nas perdas e no consequente doloroso rompimento dos laços e ali se vê o papel fundamental dos novos elos que são gradualmente estabelecidos para se manter o laço com a vida.
Você precisa de ar para respirar, vai treinar poucas quantidades para não ser dependente? Vai tentar se bastar sem água? Sem proteínas?
Apenas para não ser dependente vai se tornar anoréxico? 
Para evitar os excessos se mergulha no nada?
Foto de Lilya Corneli - A frieza da solidão

A armadura afetiva seca a alma...
A alma se hidrata de fertilizantes da convivência com ternura e gratidão do encontro.
Os laços que damos nos cadarços dos sapatos dão firmeza no caminhar... Calçam a nossa existência. Sem eles com o tempo nos tornamos descalços e suscetíveis a machucados ao andarmos.
Laços estão longe de serem Nós.
Crie laços em tudo que faz, em todos que ama para que sua alma possa se sentir conectada e portanto acompanhada.
Como tão bem disse Clarice Lispector: Pertencer é Viver!!!


sábado, 15 de junho de 2013

Lançamento do Pense Bem no Rio de Janeiro

Recebi na 5a feira, dia 13, uma declaração por escrito de Laura Gasparian – proprietária da Livraria – informando que o lançamento do Pense Bem no dia 11 de junho bateu o recorde de vendas e frequencia em noite de autógrafo em todos os 35 anos da história da Argumento.
Obrigado a todos que com o carinho da presença criaram este momento na minha vida.
Nestas fotos que recebi, alguns flagrantes do lançamento que para mim parece um sonho.
Comentário sobre o livro:

“Adorei a delicada mistura de psicanálise, relato pessoal, cinema e literatura. 
Isto sim é um saber pulsante!!! Parabéns!!! Já estou esperando o próximo. Abraços.” 

Marcelo Elmann
psicanalista

O autor com Gisella Amaral e Virgínia Diniz Carneiro

Manoel Thomaz Carneiro entre Alessandra Curvello, Geórgia Buffara, Erika Sales e

Luiza Dale e Andrea Correa

Andrea Rudge e Renata Fraga

Manoel Thomaz Carneiro e Maria José Prior

Maria Pia Marcondes Ferraz e Carlos Montenegro

Manoel Thomaz Carneiro e a atriz Giulia Gam

Maria Clara Tapajós e Manoel Thomaz Carneiro

Christiana Malta e Manoel Thomaz Carneiro

Manoel Thomaz e Rosane Messer

Cristiane Gama e Cristina Friedheim

Paula Accioli, Angela Massoni e Stella Abinader

Sonia Arrigoni e Manoel Thomaz Carneiro

Angela Massoni e Manoel Thomaz



Fotos: Armando Araújo

terça-feira, 11 de junho de 2013

Fazer Alegrias e Felicidades

Nos fins das tardes de domingo, quando sento no meu pátio para estudar, ouço o burburinho das pessoas que ficam no bar ao lado do meu prédio. Quando começa a transmissão do futebol, as vozes se potencializam nos gritos de excitação, às vezes raivosos, às vezes contentes. Tudo acontece como se fosse a sonoplastia de algo invisível para mim, mas que posso bem imaginar através dela as cenas e com isso acompanhar as sequências.
Muitos poderiam afirmar que ali está a demonstração da felicidade humana através de uma diversão. Tal conceito é um engano.
As pessoas misturam as palavras porque confundem sobre a diferença entre alegria e felicidade.
Emoções e sentimentos possuem diferenças e são respostas a processos distintos em relação à vida.
Uma viagem a Paris, ao Vietnam ou a Disney são garantias de felicidade?
Quando seu time faz um gol, o seu namorado agradece a sua gentileza, quando se é promovido no trabalho, quando se compra um carro, quando se constrói uma casa vive-se eventos positivos que atingem o nosso sistema límbico, localizado no cérebro que produz como resposta uma emoção.
A palavra emoção deriva de “movere”, ou seja, um acontecimento positivo nos move, nos mobiliza e produz uma resposta emocional.
Emoção é uma resposta do nosso sistema cerebral de prazer ou desprazer diante de um evento do nosso dia.
Seu time perdeu? A tristeza virá como resposta, mas infelicidade é outra questão.
Alguém que você gosta muito telefona e ainda conta uma boa notícia? Isso terá o poder de “mover” a alegria, mas a felicidade é igualmente outra questão.
Portanto quando o seu noivo pede você em casamento num momento especial, como resposta emocional terá a alegria, mas está longe de ser a garantia da presença da felicidade.
O que é a felicidade?
É um sentimento e está relacionado com o modo pessoal de se avaliar, de como você se percebe em relação ao seu corpo e em relação as suas competências.
Por isso uma pessoa pode estar vivendo momentos de grandes alegrias e carregar a sensação de infelicidade intrínseca e, portanto se considerar infeliz.
O que se compreende sobre a filha de Michael Jackson? Paris Jackson tenta o suicídio cercada de aparatos de riqueza, cercada de potenciais razões para a alegria, mas denuncia através desta tentativa que está desabastecida de algo interno.
As pessoas torcem para que as coisas boas aconteçam e muitas vezes elas chegam, mas são desperdiçadas porque estão destituídas de um senso de valorização de si por si mesma. Sob um trecho da entrevista do médico Dr Luiz Roberto Londres, posso ajustar a esta ideia quando afirma que “Hoje a gente vê que outras dimensões estão sendo mais valorizadas que as pessoais: tamanho, empresa, dinheiro, conglomerados.” Se ganha fora e se esquece de ganhar outras potências dentro de si.
Quantos afirmam de maneira impaciente ao que não está bem: “Você tem tudo e não é feliz!” São os analistas selvagens que condenam e julgam a dor do outro sem o conhecimento psicológico das verdadeiras causas.
Sempre me vem neste aspecto as pessoas como Marylin Monroe que atingem a notoriedade sem se transformarem internamente com o que conquistaram. Continuam a carregar um menino diminuído, uma menina insegura desabastecida da noção de capacidade ou competência pessoal. 
A felicidade se alimenta da ideia saborosa que damos a nós sobre algum valor pessoal, sobre uma competência diante de um propósito de vida.
Sabe-se por estudo que quando uma pessoa ganha um grande prêmio, com uma soma em dinheiro, o que ela adquire promove um estímulo de excitação que terá a capacidade de mantê-la em estado de alegria por dois anos, mas que de modo algum irá modificar o registo da felicidade.
O que fazer?
Passar a encontrar um propósito na vida. Se apropriar dele e se investir da percepção das competências internas para realiza-lo.
Você sabe o seu?
Lembro-me de uma amiga que me disse que o dela era passar amor. Orgulhava-se muito disso e ultrapassava todos os problemas cotidianos para sempre viver este aspecto.
Como disse o filósofo Espinosa a terra é uma substância que se mantém pelo propósito de continuar sendo ela. Joga-se tudo de poluente e ela continua se refazendo sem perder o seu propósito de existir. A Terra é insistente, pois estamos só maltratando-a com poluentes imensos.
Um excelente jogador de futebol tem o propósito de jogar e fazer a sua parte com competência. Se for famoso, mas não tiver noção de valor pessoal pode até viver a alegria do sucesso, mas não irá conseguir experimentar a vivência da felicidade.
Felicidade está longe de ser euforia.
O meu propósito na vida é explicar a dor de modo que cada um que passa por mim possa saber trata-la e muitas vezes evita-la.
Ultrapasso as barreiras que a vida me impõe, sejam elas físicas ou não e me instigo na continuidade porque sei para onde ir, o porquê ir e para que ir.
Outro dia estava com uma dor imensa devido a uma virose potente que me invadiu. Tinha três aulas a dar e decidi ultrapassar o que sentia para realizar o meu propósito. Ao final da terceira turma, mais do que alívio de ter cumprido um dever, mais do que a alegria de ter dado e vivido momentos tão bons com meus alunos, senti a felicidade de realizar o meu propósito e a felicidade derivada da percepção da força que meu jogador interno me liberou para eu fazer o gol dos Propósitos.

Pode-se escolher ser um grande pai, um grande médico, uma grande doadora de amor, um grande aconselhador, o importante é que se abasteça com a certeza de suas certezas.
O importante é que você possa entrar em campo consciente do porquê corre de um lado para outro, driblando os adversários para fazer o seu gol. 
O importante é que você sempre corra através de um jogador interno seguro de seu valor.
Faça um gol em seus propósitos e grite sua vitória na conquista da felicidade.
Ponha seu time em campo.

Imagens: GettyImages

terça-feira, 28 de maio de 2013

O Direito de Existir

Quando eu era pequeno havia uma novela que se chamava “O Direito de Nascer” e este nome me veio quando soube outro dia de um caso sobre um homem de cinquenta e poucos anos que impossibilitado por si mesmo de assumir o seu desejo, sua verdade afetiva de modo aberto e profundo mergulhou gradativamente num processo de autodestruição através do álcool que está minando todos os setores da vida dele. Ele aboliu o direito de nascer para a vida que nasceu.
Lamentei muito esta história e fiquei a pensar sobre a dificuldade humana em impor limites, em assumir condições, em dizer não aos excessos de solicitações, do “envergonhamento” para expressar opiniões e, sobretudo na culpa de arrancar determinadas máscaras.
De fato desde que nascemos precisamos que nos desejem para que sejamos bem recebidos na vida. Esta condição de dependência do outro nos coloca de imediato na posição de submissão, de sedução, de busca de aprovação e de contínuas provas de acolhimento.
As experiências de sermos respeitados nas diferenças e nas opiniões trazem para nós o progressivo registro em nossa estrutura que podemos de certa forma contrariar ou mesmo podemos deixar emergir determinadas singularidades em nossas vidas cotidianas. Como se o mundo nos dissesse através do respeito nos nossos primeiros tempos de existência, que somos amados como sujeitos, singulares.
Essa vivência liberta a pessoa para o direito de uma série de expressões, que vai desde o de escolher um sabor de sorvete até definir uma profissão ou estilo de vida. 
A experiência do olhar respeitoso as singularidades suscita a liberdade para se expressar e conviver sem constrangimentos.
Uma pessoa que foi isenta desta individualidade, que foi anulada em determinados direitos, cresce envergonhada até mesmo de ocupar um espaço no elevador. Convive com uma secreta sensação de inferioridade que pode passar pelos complexos. Constrói-se espelho do mundo que a cerca.
Às vezes a falta de um pai amoroso, ou mesmo a presença excessivamente autoritária esmaga a sensação de direitos e faz expandir apenas a noção de deveres. Torna-se uma pessoa colonizada.
Conheci uma mulher que devido à dificuldade de dizer não, se deixava ser devorada e na impossibilidade de se colocar numa equidistância acabava por minar a convivência com as pessoas que se aproximavam dela.
Muitas pessoas destroem o que desejam por não saberem conviver através da noção dos espaços que cada um deve ter. Já que não sabem expressar o que as incomodam, rompem e se distanciam carregando as permanentes dificuldades. 
Sabe-se hoje, que algumas pessoas nascem com predisposição à chamada “Preocupação empática excessiva”, onde os valores dos outros ou necessidades são sempre vistas como próprias, como se houvesse um espelho cujo reflexo do outro se confundisse com a própria imagem.
Outro dia num encontro casual, quando ia correr, a filha de uma conhecida me contou que o namorado não ligava para a aparência e, portanto nunca se vestia de forma apropriada. Já tinha ido até de sandália a casamento. Não adiantava falar, pois odiava ser criticado.
O que parece isso? Uma evidente forma de oposição a alguma autoridade extrema vivenciada em sua criação. Pulou da opressão para a liberdade através da rebeldia agressiva. Tornou-se igualmente autoritário. Continua preso, pois quem busca sempre fugir é porque ainda está acorrentado.
Para existir e buscar se afirmar, se faz desnecessário abolir todas as regras, códigos ou pedidos.
Incorporamos padrões nos nossos modos de ser. A modificação de hábitos, até os mais arraigados, pode ser realizada.
O hábito é um comportamento adquirido por alguma razão. No entanto pode-se tomar consciência do que de negativo se está fazendo consigo mesmo.
Entenda o que se passa na sua cabeça e modifique o que destrói o seu prazer cotidiano.
Quantos se submetem a solicitações perversas e a total falta de respeito.
Nietzsche tem uma indagação que sempre recorro ao avaliar algum aspecto da minha vida ou opções: “Você vive hoje uma vida em que gostaria de viver por toda a eternidade?” e complementa em outro texto: “Nossa dor vem da distância entre aquilo que somos e o que idealizamos ser.”
Recentemente, acompanhei minha mãe, que se chama Virginia, numa palestra testemunho que ela realiza há muitos anos.
Fiquei do lado de fora, pois estava lotado, mas pude ouvir a parte em que ela narra que devido a poliomielite que contraiu quando tinha apenas dez meses e toda a deformação numa das pernas e na coluna que isto ocasionou, minha avó queria que ela fosse freira. Dizia que nenhum homem a olharia naquelas condições e que os médicos afirmavam que se tentasse ter filhos morreria.
Com confiança em si mesma e em seu valor interior que a fez dar descrédito a todos os “nãos” que ouviu, disse sim aos próprios desejos e sonhos. Casou com um homem, de 25 anos, engenheiro de Belo Horizonte, de olhos azuis e teve seis filhos.
Ela está aos 89 anos, lúcida, independente e com a certeza que ela responderia a Nietzsche que esta vida que construiu poderia vive-la todinha na eternidade.
Graças aos “Sins” que ela deu a si mesma e aos “Nãos” que deu a mãe e as descrenças, ela realizou o Direito de Existir e com isso o meu Direito de Nascer.
Tudo na vida é de fato uma questão de postura diante de si mesmo.
Quando eu tinha treze anos seguia um curso de inglês. Uma vez foi passado como exercício a construção de um texto. Escrevi um diálogo comigo mesmo em inglês. Decidi por essa forma por achar que se eu já pensava em outro idioma era porque dominava os vocabulários e os verbos que deveriam ser aprendidos. 
Depois da leitura em sala a professora me deu zero. Eu tive um choque, pois não havia erro gramatical algum. Perguntei o porquê e ela simplesmente me respondeu que ninguém conversava consigo mesmo. Ela abusou da autoridade.
Abuso, sobretudo ignorante, pois estava ali para corrigir a matéria e não tinha o direito de podar a criatividade.
Ao invés de me sentir condenado, falei com os meus pais e pedi para sair. Lógico que tive o total apoio. 
Saí daquele curso na hora... Disse não àquela autoridade neurótica.
Penso que a criatividade daquela professora estava destruída e que ela estava impedida de encontrar a si mesma.
Sem direito a pensar, sem direito a existir.
Quantos podam a existência através das inibições, dos complexos e das submissões inseguras. 
Aprender a dizer não é uma questão de respeito à vida e ao Direito de Nascer e Renascer.
Converse consigo mesmo em inglês, francês português, só não converse diante daquela minha professora!
Quando pensamos através dos bons discernimentos passamos a abrir grandes possibilidades para existirmos bem. 
Grande ironia do destino quando penso na professora e na pessoa que me tornei... Sou um contínuo pensante.
Esta é a minha ideia, nesta semana para se reinventar a vida.
O lançamento do livro está mais próximo. Dia de expô-lo no berçário. Afinal ele nasceu.
No Rio de Janeiro, será no dia 11 de junho na Livraria Argumento do Leblon, às 19:00h.
Em São Paulo, no dia 24 de junho na Livraria da Vila JK às 19:00h.
Aos padrinhos deste filho literário, Gisella e Ricardo Amaral o meu muito obrigado, por terem viabilizado o meu livro me oferecendo o Direito dele Existir.
Ao invés de se destruir pelos medos, deve-se construir sempre a ideia de que temos o “Direito de Nascer”, para que se possa responder a grande questão “Nietzschiniana” desta forma:
A vida que estou construindo eu posso vive-la em toda a eternidade. 



sexta-feira, 24 de maio de 2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

Construir o Prazer

Outro dia enquanto lia a prova gráfica do meu livro para dar o “ok” final, comecei a pensar nas etapas que constituíram a concepção daquelas letras pensadas. Ao voltar no tempo, fui aos momentos das criações dos cursos, nas aulas que dei, nos alunos e nas inúmeras alunas que perfizeram minha história como professor do Grupo de Estudos Pensar. 

Tudo isso acabou por me reportar a minha infância, na qual adorava montar no meu quarto a sala de aula, onde também construía casas e cidades, em que as miniaturas dos carros se misturavam aos cavalos do forte apache. Assim, através da criatividade me punha a conceber com minhas mãos o meu prazer. Por vezes deitado no chão passava horas brincando sozinho. Não precisava de mais nada.

A escrita deste livro me trouxe de novo esta sensação de imersão nas ideias e na criatividade, onde por vezes parecia que nem tinha corpo. Para finaliza-lo completamente, passei uma semana em Búzios na minha pousada predileta, no quarto que é sempre o meu e lá eu era só pensamentos e imaginação. A passagem do tempo se tornou suspensa da minha percepção, semelhante aos momentos em que eu criava na infância.

A criatividade nos absorve e nos retira das necessidades e das tensões derivadas das faltas. Sofrer muitas vezes advém da falta de propósitos na vida; da falta da vivência de um dom pessoal. 

Quantas pessoas transformaram a vida através da vivência dos dons descobertos. Cada um tem o seu. A proprietária da loja de doces, do restaurante, a chefe de cozinha, a estilista, a voluntária humanista, o médico sem fronteiras, a decoradora, todos com isso estão fazendo as brincadeiras da vida adulta.

As brincadeiras hoje deixaram de ser construídas, pois se tornaram consumos. Os games prontos que quando enguiçam são imediatamente desprezados em detrimento a outro novo em folha.

Quem pega numa tesoura, num papel para recortar, fazer um barquinho ou avião? Quem que com criatividade imagina alunos sentados enquanto se ensina na verdade é para uma sala de aula constituída de uma amiga e várias bonecas ouvintes? Quase ninguém.
Pode-se pensar que estas linhas são saudosistas. De forma alguma. Não paraliso o meu olhar no que já passou. Não gosto de me alimentar de causas vencidas.

A questão é que quando se coloca um lençol nas costas e com uma vassoura se sente “A Feiticeira” ou o “Batman” e também se brinca sozinho através da imaginação, de modo subjetivo habilita o nosso mundo psíquico para a capacidade futura de ter uma dose de autossuficiência, para permanecerem alguns grandes momentos sozinhos sem se sentirem completamente ameaçados. Desenvolve-se também a capacidade de criar os próprios momentos de prazer e, sobretudo se habilita a se ver capaz de construir ou reconstruir a vida.

Na infância brinca-se de viver o futuro, para que um dia se possa o adulto viver no presente.  

Treina-se com os brinquedos a dirigir, cuidar e amar. Hoje só se brinca de competição ou só se desenvolve habilidades para a competição do mercado. Quando as relações afetivas se deparam com questões, ninguém sabe criar e recriar ludicamente o prazer de estar e permanecer.

Quando a vida não se apresenta perfeita e brilhante não serve, mas também nada fazem. Pirraçam batendo os pés com um corpo infantil dentro de uma aparência adulta berrando “Isto não quero, não quero! Quero outro brinquedo”... “Só brinco com brinquedos perfeitos e castigo os que não são”. 

Aquele que não se sente habilitado a viver quando a realidade não apresenta um jogo perfeito de prazer é porque não desenvolveu em si a habilidade para transformar uma coisa em outra, ou mesmo tentar conceber uma nova perspectiva de vida a partir do que dispõe.

Como disse o psicanalista Erich Fromm “A principal tarefa de uma pessoa é promover o seu próprio nascimento.”.

Quando isso ocorre? 

Toda vez que concebemos uma obra que pode ser um livro, um quadro, um bolo, uma nova receita ou toda vez que diante do desabamento de algo que considerávamos bom para nós, conseguirmos estabelecer um ressignificado para garantirmos a presença do sentido da vida.

Comece a pegar uma massinha e modele formas em si para conceber uma pessoa criativa capaz de desempenhar.

Há uma frase de Nietzsche que diz: “Como? Um homem? Não! É um ator desempenhando seu próprio ideal.”.

Adorei desempenhar o meu ideal de escritor e batizei o livro de “Pense Bem – Ideias Para Reinventar a Vida”; edição Casa da Palavra.

O lançamento no Rio de Janeiro será dia 11 de junho, às 19:00 h na Livraria Argumento do Leblon na Rua Dias Ferreira, 417.

Brincar é coisa séria. Eu brinquei de tantas coisas que a vida se tornou um manancial de boas sensações. 

Já que a vida as vezes não tem grandes humores, cabe a mim criar os bons momentos. 

Pode-se brincar de médico, de enfermeira, de Jane e Tarzan, pode-se brincar de feliz, de policia que algema os ressentimentos para colocá-los longe das brincadeiras.

Pode-se também brincar de analista e prestar muita atenção naquilo que está impedindo você de brincar de viver.

Quando a vida trouxer dificuldades, enfrente e depois brinque de vitorioso.

Depois? Durma em paz no repouso dos guerreiros.

Imagens: GettyImages